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Apresentação

Depois de experimentar vários temas da fotografia, foi no retrato que concentrei todo o meu foco. A partir daí acontece o Portugal Rural por volta do ano de 2006, um projecto inspirado em trabalhos de fotógrafos como Gerard Fourel e Georges Dussaud. 

Assim, fotografar pessoas em ambiente endógeno levou-me até às pequenas e vetustas aldeias do nosso território principalmente as do Barroso onde prolifera um variado e rico património humano, cultural e paisagístico. Nestes últimos anos calcorreei várias regiões e fui coleccionando pequenos fragmentos das vivências rurais em quadros que registam costumes e tradições que ainda resistem aos tempos e são mostra de uma cultura que reforça e caracteriza identidades.

Ao longo destes tempos gerei amizades que me facilitaram a proximidade e a convivência nos lares e entre nesgas de luz e o negrume dos fumos da lareira fui registando quotidianos de sabores, de aromas de guarnecidos fumeiros e dos potes de ferro fervilhantes, associando-me à mesa de subtis manjares do campo.

Em algumas aldeias fui descobrindo a falta de sorrisos das crianças, a solidão de quem fica e não parte, as raízes que envelhecem, os tanques que já não se inundam de água límpida, que já não escorre pela vereda e onde os sinos intervalam mais o seu soar.

Rico em histórias de vida, que me vão surpreendendo em cada dia, sentado junto ao lar entre fumos e aromas, vou escutando um passado repetido de agruras várias que traduzem formas de viver que os tempos mais recentes vão atenuando. Vai valendo agora o esforço dos autarcas que vão combatendo os efeitos nefastos da interioridade e de um clima extremamente agreste nestas pequenas aldeias do interior. Vou escutando também contos de afectos e de uma solidariedade espontânea lembrada com saudade e ainda hoje praticada.

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