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Barroso e suas gentes

"foi assim em tantos lares, na nossa vizinhança, noutros arrabaldes, por aqui, por terras lusas remotas e outras, mesmo a paredes-meias com as urbes. Na rua, o reboliço das crianças em jogos, em aventuras saudáveis que agora se eivam de mil perigos. Foi assim, nesta indigência, que muita gente era feliz, porque havia portas abertas, destrancadas, encostadas, disponíveis para um acolhimento, uma solidariedade, um aconchego. Nessa altura, assistíamos aos fenómenos naturais, ao que a natureza oferecia em manifestações, em cheiros, em vida, em milagres que a modernidade, o conforto e a segurança, paredes adentro, apagaram da memória. Globalizaram-se os comportamentos, os estilos de vida, os assuntos de conversa, enfim, numa espécie de alienação colectiva que nos desapega do essencial e nos distancia das identidades. Não, não desejo a ninguém esta indigência, esta vida em modo de sobrevivência. Apenas revisitar e viajar em reflexões sobre o que se ganhou, sobre o que se perdeu. Numa toada serena, como a tranquilidade que a expressão da anciã da foto parece exibir, em jeito de desafio para nós, os da modernidade." Duarte Olim, escreve este texto, inspirado na fotografia que faz capa deste "post"

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