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José, o pastor

José o pastor, vive num mundo só seu. Perdido nas montanhas do Barroso, tem as cabras, o sol a chuva, a neve o vento e o monte como sua companhia. Fala dos amigos como se eu também os conhecesse, fala com as cabras como de pessoas se tratasse.

Joaquim e Conceição, casal que lhe dá guarida e trabalho, falam dele como se fala de um filho. Nem queira saber, só faz o que ele quer, é muito teimoso, quer sempre sair à noite e depois perde-se com os copitos.

Dez da manhã já o aromático e suculento cozido está ao lume preparado pela dona da casa. Faz muito frio e só o calor da lareira harmoniza o ambiente, para que o Zé possa ter aquela hora uma refeição reconfortante, antes de mais um dia de trabalho num clima bastante áspero e bravio. Muito ele fica intrigado quando apareço por lá. Para que quer ele tantas fotografias? Pergunta, depois de eu vir embora.. Ao mesmo tempo não deixa fugir a oportunidade de pedir umas moeditas para cigarros, diz ele… José aproxima-se da corte, as cabras já o conhecem, é o alvoroço geral, as portas abrem-se para a liberdade. O Zé vai emitinto uns sons bem conhecidos dos caprinos e ai daquela que não obedeça. Pode dar direito a ficar de castigo e não ir para o monte. Os cabritinhos de tenra idade lá tentam a sua chance de acompanhar os maiores, mas o Zé está atento e não passa nem mosca.

O caminho para o monte faz-se com normalidade, embora haja ali um elemento estranho que sou eu, motivando alguma curioosidade e admiração aos elementos do rebanho. Prossegue a caminhada e à medida que avançamos o ritmo vai ficando muito acelarado, sendo eu obrigado a abrandar e perder de vista a malhada. Armando Jorge

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