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Ilustrações do nosso Portugal

Em conversa com o amigo Reinaldo D' Oliveira, escritor e mágico, descobri a sua ascendência rural. Daí ter-lhe lançado o repto para escrever sobre algumas imagens que de alguma forma o tocassem ou dissessem algo, deste meu projecto Portugal Rural. O Reinaldo apreciou a ideia et voilá:

Doar a nossa alegria e o nosso sofrimento através do nosso trabalho, da nossa luta no dia a dia para podermos alcançar o que desejamos e não desperdiçar o que de bom a vida nos pode dar. O tempo não volta para trás e tudo o que disseste ou praticaste não se apaga, fica gravado na memória do universo. Podes arrepender-te pelos teus erros, mas reflete neles e não voltes a repetí-los. O universo é infinito, como infinitos são os nossos sonhos. A gratidão só traz gratidão.

Esta mulher pelo seu esforço, pela sua

energia, pela sua entrega, pela sua luta a cada dia que passa, só pode ter aquilo que merece, a felicidade de viver onde vive e o nosso eterno obrigado.

16/2/2017

Reinaldo d'Oliveira

Mais uma foto deliciosa do Armando Jorge de uma mulher BARROSÃ.

Com o seu lindíssimo AVENTAL de burel, o cajado e a sua face carregada das agruras do tempo, as mãos rudes e o seu sorriso de felicidade, não pela foto, mas pela vida que ainda tem.

O avental substitui a capa de burel pela sua simplicidade e pela maneira simples de usar.

Como li algures " SER BARROSÃO É UMA CONDIÇÃO PRÓPRIA, NÃO É UMA PÁTRIA MAS É UMA HONRA", e esta bela mulher mostra com a sua simplicidade e com o seu sorriso essa honra.

16/2/2017

Reinaldo d' Oliveira

Esta foto do Jorge mostra a sua destreza e o seu incondicional amor pelas gentes do interior.

Quando olhei para a foto o primeiro pensamento que tive, foi colocar esta cara na orla costeira e numa grande cidade. As suas rugas, o seu olhar, a sua barba, o seu pensamento, a sua expressão seriam as mesmas?

O seu aspecto tão singelo, a sua áurea ou o seu perfil seriam concerteza diferentes, não tão simples, não tão reais, como esta bela foto nos transmite.

15/2/2007

Reinaldo d'Oliveira

"Duas fotos de dois de três irmãos, todos vivos felizmente. Uma riqueza de ternura apesar do ar pesado da casa, da roupa ou do momento, mas que me transmite o que sempre ouvi e me ensinaram, o RESPEITO, ele o homem á frente, ela a mulher atrás. Quantas vezes me lembro de na minha terra ( no interior das Beiras) ver na estrada, ou em qualquer caminho, um casal de idosos em que ele sempre na frente e ela sempre a 1/2 metros atrás.

Sempre me perguntei o porquê e a resposta só pode ser por respeito, por amor e carinho e não por qualquer outra razão.

Aqui dois de três irmãos, todos solteiros, mas a mesma mentalidade, a mesma ternura e o mesmo simbolismo do respeito da Irmã pelo irmão."

Reinaldo D' Oliveira

18/1/2017

"Nesta lindíssima foto dos mesmos irmãos, sentados num banco de madeira. Ela muito séria séria, sorridente, mãos unidas, como se fosse o anjo dos dois irmãos, ele com uma mão á frente, pousada e a descansar da sua labuta diária, a outra na traseira deles como a querer dizer que se une a ela, no seu amor de irmão e de proteção daquele anjo. E o gato a dormir ao lado, também se sentindo protegido e defendido pelos dois irmãos, sem medo dos estranhos ou desconhecidos."

Reinaldo d' Oliveira

19/1/2017

"Sorriso afoito, olhar sorridente, mãos fechadas como para guardar seus pensamentos, suas alegrias, suas tristezas e os seus segredos. Com o seu cabrito ao colo e que o trata como se de um filho seu se tratasse. Cara calejada pelo tempo e pelas agruras da serra mas com um sorriso que ultrapassa todos os penhascos e rios. É um homem do nosso tempo, que por nada deste mundo troca os seus " prazeres serranos" pela vida mundana da civilização."

"Que ilustração do nosso Portugal mais profundo, da beleza e do encantamento do país real. Não do Terreiro de Paçoo, Belém, S Bento, Clérigos ou Casa de Serralves, não de qualquer restaurante, mas da profundeza dos usos, costumes e vivência do nosso povo, mais velho, mais triste e mais esquecido. Unhas sujas, caneca do vinho, broa, batatas e o caldo que nunca falta. Lenço na cabeça e colher na malga do caldo, sem pestanejar, sem olhar, sem sorrir. Não podia faltar a toalha de plástico, mais simples de limpar e mais higiénica, dizia-se na altura. Que bela fotografia que me recorda minha avó Augusta, pobre, abandonada, velha e também mãos macias que faziam festas na minha face. Não me posso esquecer."

"Caras enrugadas pelo passar do tempo,

Que corre sem parar, como o rio.

Rostos de felicidade pelo passatempo,

Neste canto de Portugal com muito brio.

Tanta saudade destas matanças do porco

Queimado até ficar todo limpo.

Pendurado e esticado sem esforço,

Aberto com sorrisos do Olimpo.

Mãos agrestes, rudes e duras,

Mas macias que nem veludo.

Unidas pela crença destas posturas

Serem pobres, ricos e sortudos."

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